O viés do custo afundado, ou sunk-cost fallacy, ocorre quando continuamos investindo tempo, dinheiro ou esforço em algo apenas porque já fizemos um investimento inicial significativo, mesmo quando as evidências sugerem que desistir seria a melhor opção.
Em vez de avaliarmos a decisão racionalmente com base nos custos e benefícios futuros, deixamos que os custos irrecuperáveis influenciem nossa escolha.
O conceito foi inicialmente estudado por Richard Thaler (1980), que demonstrou que indivíduos tendem a continuar em um curso de ação apenas porque já gastaram recursos nele. Outros estudos clássicos, como os de Arkes & Blumer (1985), mostraram que pessoas que pagam mais por ingressos de teatro tendem a assistir mais peças para justificar o gasto inicial. Na economia, o conceito está relacionado à ideia de “custos irrecuperáveis”, onde decisões racionais devem considerar apenas custos e benefícios futuros, ignorando o que já foi perdido.
Ricardo abriu uma startup de tecnologia e investiu anos de trabalho e grande parte de suas economias no projeto. Mesmo depois de perceber que o modelo de negócio não era viável e que novos concorrentes dominavam o mercado, ele continuou investindo em campanhas de marketing e desenvolvimentos custosos. Sua justificativa era que já tinha gasto demais para desistir. No final, acabou endividado, quando poderia ter pivotado o modelo ou investido em outra oportunidade.
Mariana estava em um relacionamento de cinco anos que não a fazia mais feliz. Apesar dos constantes conflitos e frustrações, ela relutava em terminar porque já havia dedicado muito tempo e esforço para fazer o relacionamento funcionar. O medo de “desperdiçar” esses anos a impedia de tomar uma decisão baseada no presente e no futuro, resultando em mais sofrimento e estagnação emocional.
João sempre sonhou em ser engenheiro, mas ao entrar na faculdade percebeu que odiava cálculos e não se identificava com a área. Mesmo assim, por já estar no terceiro ano e ter gasto muito tempo e dinheiro, sentia que desistir seria um erro. Ele seguiu até se formar, apenas para perceber que nunca quis exercer a profissão e que poderia ter mudado para um curso que realmente gostasse.
O artigo Sunk-Cost Fallacy and Cognitive Ability in Individual Decision-Making (Corina Haita-Falah, Journal of Economic Psychology) explora a relação entre a falácia do custo afundado e a capacidade cognitiva. O estudo mostra que indivíduos com maior capacidade cognitiva tendem a ser menos suscetíveis ao viés do custo afundado, mas o efeito não é totalmente eliminado.
Além disso, a pesquisa indica que fatores como aversão à perda e dissonância cognitiva são os principais motores desse viés. O estudo também sugere que o viés pode ser reduzido com treinamento em pensamento crítico e tomada de decisão racional.
O viés do custo afundado pode nos levar a persistir em decisões ruins, simplesmente porque já investimos recursos nelas. Para evitá-lo, devemos focar no que ainda podemos ganhar ou evitar de prejuízo, em vez de ficarmos presos ao passado. Praticar a tomada de decisão baseada no futuro, e não no investimento passado, pode nos ajudar a evitar esse viés e a tomar decisões mais inteligentes e estratégicas.
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