A teoria dos Modelos de Mundo, proposta por Yann LeCun, defende que sistemas inteligentes precisam construir representações internas compactas e preditivas do ambiente. Esses modelos permitem simular consequências de ações e imaginar cenários futuros, tornando possível planejamento, aprendizado autônomo e raciocínio além da mera associação de dados.
Yann LeCun, pioneiro em aprendizado profundo e vencedor do Prêmio Turing (2018), apresentou a ideia de Modelos de Mundo como um caminho para superar limitações das redes neurais atuais, especialmente no aprendizado não supervisionado.
Inspirado na neurociência cognitiva e no conceito de modelos internos do cérebro humano, LeCun defende desde meados da década de 2010 que a IA precisa de uma estrutura que vá além do aprendizado supervisionado em grandes bases de dados. Sua formulação mais sistemática surge em artigos e palestras de 2022 em diante, com a proposta do JEPA (Joint Embedding Predictive Architecture), no qual representações internas são treinadas para prever estados futuros de forma abstrata, sem depender apenas de predições ponto a ponto.
Esse movimento insere a teoria no debate contemporâneo sobre self-supervised learning e inteligência artificial geral (AGI).
Um Modelo de Mundo é uma representação interna que resume as regularidades do ambiente. Em vez de memorizar dados, o sistema aprende uma abstração capaz de prever e simular. A lógica central é:
Codificação Abstrata – o sistema constrói um espaço de estados latentes onde as regularidades do mundo são comprimidas.
Predição – a IA antecipa o que pode acontecer a seguir, seja um evento sensorial, um movimento ou um resultado de ação.
Simulação Interna – antes de agir, o sistema testa mentalmente diferentes possibilidades, economizando recursos e evitando erros custosos.
Aprendizado Autônomo – como no cérebro humano, o modelo melhora constantemente suas representações, ajustando-se com novas experiências sem supervisão explícita.
Assim, o modelo de mundo opera como uma espécie de “motor de imaginação”, permitindo planejamento estratégico e raciocínio contrafactual. Esse mecanismo conecta-se à proposta de que a inteligência surge da capacidade de prever e interagir de forma adaptativa com ambientes dinâmicos.
Robótica Autônoma – Permite que robôs antecipem as consequências de suas ações, melhorando navegação, manipulação de objetos e interação social.
IA Cognitiva – Oferece um quadro para simular estados mentais e raciocínios de alto nível, aproximando sistemas artificiais da flexibilidade humana.
Simulações em Economia e Ciências Sociais – Modelos de mundo podem prever efeitos de políticas antes de sua implementação real, reduzindo riscos.
Modelos de Linguagem e Multimodais – Podem incorporar raciocínio além da associação estatística de palavras, integrando simulação de cenários.
Exploração Científica – Funcionam como “laboratórios mentais” que testam hipóteses antes de experimentos reais, acelerando descobertas.
No contexto do Thinking Lab, os Modelos de Mundo são fundamentais para exercícios de simulação cognitiva e análise contrafactual. A metodologia do laboratório busca não apenas observar padrões, mas testar cenários alternativos e imaginar desfechos possíveis.
Essa abordagem está em sintonia direta com a proposta de LeCun: sistemas (ou mentes) que raciocinam constroem internamente mundos alternativos para guiar ações no mundo real. Isso justifica o uso de jogos de hipótese, modelagem cognitiva e experimentos mentais como práticas centrais no laboratório.
LeCun, Y. (2022). A Path Towards Autonomous Machine Intelligence.
Ha, D., & Schmidhuber, J. (2018). World Models. arXiv preprint arXiv:1803.10122.
LeCun, Y. (2023). World Models and Self-Supervised Learning. Palestras e entrevistas em conferências de IA (NeurIPS, ICML).
Hafner, D. et al. (2019). Learning Latent Dynamics for Planning from Pixels. ICML.
A teoria dos Modelos de Mundo marca uma transição crucial na IA: do reconhecimento passivo de padrões para o raciocínio ativo e simulado. Ela traz de volta a ideia, cara à filosofia da mente, de que inteligência é inseparável da capacidade de imaginar futuros possíveis.
Para a ciência cognitiva, é um eco das teorias sobre modelos internos do cérebro; para a IA, um roteiro para criar agentes realmente autônomos. A provocação final é clara: só haverá inteligência plena – artificial ou biológica – onde houver imaginação estruturada.
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