A falácia do declive escorregadio ocorre quando alguém argumenta que uma pequena ação ou decisão levará inevitavelmente a uma sequência de eventos negativos extremos, sem apresentar provas de que essa progressão é realmente inevitável.
Essa falácia assume que, se um primeiro passo for dado, não haverá como impedir a sequência de desdobramentos catastróficos, levando a um resultado extremo e indesejado.
A ideia de consequências em cadeia já era discutida na filosofia grega, mas o termo “declive escorregadio” se popularizou na lógica informal do século XX. Ele é comumente usado em debates políticos, jurídicos e sociais para gerar medo e rejeição a certas mudanças.
Na política, por exemplo, o declive escorregadio muitas vezes é usado para sugerir que uma pequena alteração em leis ou costumes levará inevitavelmente ao caos ou à destruição de valores fundamentais.
A falácia do declive escorregadio funciona porque explora o medo e a incerteza das pessoas. Ao apresentar um cenário alarmante como consequência de uma ação aparentemente inofensiva, o argumento cria a ilusão de que qualquer mudança é perigosa e incontrolável.
Exemplos:
Legalização de algo:
Mudanças culturais:
Tecnologia:
Esses vieses tornam o declive escorregadio persuasivo, pois despertam emoções intensas e dificultam a análise racional do problema.
A escola de João propõe flexibilizar o uso de uniformes. Um professor protesta: “Se permitirmos roupas casuais, logo os alunos virão vestidos de qualquer jeito! Daqui a pouco, ninguém mais usará roupas decentes, e a disciplina escolar desaparecerá!” No entanto, outras escolas já adotaram essa mudança sem problemas. O argumento do professor ignora que existem regras intermediárias que poderiam ser aplicadas.
Ana defende que certas publicações devem ser reguladas para evitar a disseminação de notícias falsas. Seu amigo responde: “Se começarmos a regular notícias falsas, em breve o governo estará censurando tudo o que discordamos, e viveremos em uma ditadura!” Ana tenta explicar que existem mecanismos para evitar censura excessiva, mas seu amigo já assumiu um cenário extremo.
Um grupo de pesquisadores propõe o uso de inteligência artificial para diagnosticar doenças. Um crítico diz: “Se deixarmos máquinas fazerem diagnósticos, logo elas estarão tomando decisões médicas sozinhas! Depois, substituirão os médicos e, no final, estaremos à mercê dos robôs!” O grupo explica que o uso da IA seria supervisionado por humanos, mas o argumento do crítico foca apenas no pior cenário possível.
O estudo “The Slippery Slope Argument and its Psychological Effects” (Corner, Hahn & Oaksford, 2011) analisou como o declive escorregadio influencia a tomada de decisões. Os pesquisadores descobriram que esse tipo de argumento é mais persuasivo quando explora medos e incertezas, mesmo quando não há base lógica para a progressão inevitável dos eventos.
Referência:
Corner, A., Hahn, U., & Oaksford, M. (2011). The Slippery Slope Argument and its Psychological Effects. Cognitive Science Journal.
A falácia do declive escorregadio pode ser perigosa porque impede discussões racionais ao transformar pequenas mudanças em ameaças extremas. Para evitar cair nessa armadilha, devemos sempre perguntar: “Quais são as evidências concretas de que essa progressão ocorrerá?”
Adotar um pensamento crítico significa reconhecer que nem toda mudança leva ao caos e que existem muitas variáveis entre um primeiro passo e um cenário extremo.
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