A falácia do apelo à ignorância (argumentum ad ignorantiam) ocorre quando se assume que algo é verdadeiro simplesmente porque não foi provado falso, ou que algo é falso porque não foi provado verdadeiro. Esse erro lógico inverte o ônus da prova, sugerindo que a falta de evidência contra uma afirmação a torna automaticamente válida.
O conceito do apelo à ignorância foi analisado pelo filósofo John Locke no século XVII e formalizado por lógicos modernos. Essa falácia é comum em debates sobre ciência, religião, política e teorias da conspiração, sendo frequentemente usada para sustentar crenças infundadas ou hipóteses improváveis.
O apelo à ignorância se baseia na suposição de que, se não há provas contra uma afirmação, ela deve ser verdadeira, ou vice-versa. Esse raciocínio ignora a necessidade de evidências positivas para sustentar uma alegação.
Exemplo 1 (Ciência e Saúde):
“Ninguém provou que extraterrestres não existem. Logo, eles devem existir.”
Exemplo 2 (Justiça Criminal):
“Não há provas concretas de que o acusado seja inocente. Portanto, ele deve ser culpado.”
Exemplo 3 (Teorias da Conspiração):
“Não há evidências públicas de que o governo esconde informações sobre viagens no tempo. Isso prova que eles estão escondendo algo.”
Um influenciador anuncia um suplemento alegando que ele cura todas as doenças. Quando questionado, responde: “Não há provas de que ele não funciona. Então, ele deve ser eficaz.” Muitas pessoas compram sem nenhuma evidência científica.
Mariana ouve barulhos estranhos em casa e conclui que são fantasmas, pois ninguém conseguiu provar que fantasmas não existem. Sua crença se fortalece a cada ruído, sem considerar explicações mais plausíveis, como encanamento ou vento.
Um político acusado de corrupção afirma: “Se não há provas concretas contra mim, isso significa que sou inocente.” Ele usa a falta de evidência como defesa, em vez de apresentar provas de sua honestidade.
O estudo “On the Role of Absence of Evidence in Belief Formation” (Gilovich, 1991) demonstra que as pessoas tendem a interpretar a falta de evidências como suporte para suas crenças. Isso acontece porque o cérebro humano preenche lacunas de informação com padrões subjetivos, favorecendo conclusões desejadas em vez de análises objetivas.
A falácia do apelo à ignorância explora nossa dificuldade em lidar com a incerteza. Para evitá-la, é fundamental lembrar que a ausência de prova não é prova da ausência. O ônus da prova recai sobre quem faz a afirmação, e não sobre quem a questiona. Desenvolver pensamento crítico significa exigir evidências concretas antes de aceitar qualquer alegação como verdadeira.
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